PR deposto não aceita "união" da Crimeia com Rússia
"Como é que, na qualidade de presidente, posso aceitar ver o país desintegrar-se?", respondeu Ianukovich a uma pergunta sobre a sua posição em relação à anexação da península ucraniana, numa entrevista ao canal de televisão russo NTV.
"Foi mérito dos atuais dirigentes da Ucrânia. Foi uma postura radical em relação à língua russa e aos territórios onde vivem os russófonos" que provocaram o descontentamento dos russófonos da Crimeia, disse.
Ianukovich, afastado do poder em fevereiro, considerou que a decisão da "população de uma região tão importante (como a Crimeia) de organizar um referendo" e "separar-se de facto da Ucrânia" é "um exemplo impressionante".
"Não posso aceitá-lo", insistiu.
Ianukovich advertiu por outro lado para o risco de desintegração da Ucrânia caso as presidenciais de 25 de maio se realizem antes de um referendo constitucional.
"Essa é a via para a desestabilização da situação no país, e qualquer desestabilização nestas condições implica uma ameaça de cisão na sociedade e, possivelmente, de divisão do Estado", disse.
O ex-presidente defendeu que Kiev devia dar mais competências às regiões. "Depois, eleições", disse, fazendo eco da posição da Rússia, que instou Kiev a transformar a Ucrânia numa federação.
Milhares de pessoas manifestaram-se no fim de semana passado nas principais cidades do leste e do sul da Ucrânia para exigir a celebração de um referendo nesse sentido, defendendo a autonomia das regiões russófonas da Ucrânia.